terça-feira, 4 de maio de 2010

Remexendo no passado

Os fins-de-semana, regra geral, são passados em casa dos meus pais. Tenho cá o quarto que foi meu durante anos, tenho lá as minhas coisas tal e qual como as deixei algures no tempo. Tenho a minha cama, a minha secretária, a minha estante, as minhas fotos, as minhas almofadas, as minhas velas, as minhas canetas, os meus livros e os meus cadernos. Tudo no seu devido lugar. Esse quarto parou no tempo. Eu avancei mas ele ficou para trás. Já não o sinto como meu.
Este fim-de-semana, sem vontade para fazer mais nada, decidi ir remexer nas gavetas, ver o que encontrava por ali. Vi de tudo um pouco: cadéveres de telemóveis, diários abertos, folhas soltas, recortes de revistas de adolescentes, pequenos apontamentos meus, fotos perdidas, dinheiro numa caixa especial, carteiras antigas e até uma colecção que eu tinha de etiquetas de roupa. E como é que me senti a mexer naquilo tudo? Uma autêntica estranha. Senti-me uma criança a mexer nas coisas de outra pessoa e com medo que aparecesse a dona a qualquer momento. Senti-me esquisita. Recordações de tantos anos que agora não me dizem nada, não parecem ter sido minhas algum dia.
Como já disse o meu quarto parou no tempo: tem fotografias que já não me dizem nada (ou talvez ainda me digam tudo). Tenho exposto no quarto, um trabalho que fiz no meu 8º ano que consistia em misturar roupa, cola e jornal. Detesto-o! Não sei porque ainda o mantenho ali. Tenho medalhas de participação em torneios de basquetebol, provavelmente cheias de pó mas ainda na disposição que eu as pus, penduradas e fazer uma escadinha. Tenho o meu nome escrito numa papel por uma amiga minha. Tenho um calendário nem sei bem de que ano. Mantenho na minha janela uns sapatos minúsculos onde já coube o meu pé...
Não sei... Passei tanta coisa naquele quarto e agora já pouco me diz... Separei-me dele... Já não me diz nada.


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